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domingo, 4 de dezembro de 2011

M83, "Hurry Up, We're Dreaming": uma surpresa de sonho

M83, "Hurry Up, We're Dreaming": uma surpresa de sonho:

Em “Hurry Up , We`re Dreaming” nada é mais sugestivo do que o próprio título. Um sonho, contado à base de faixas que nos levam para o imaginário pessoal de Anthony Gonzalez, mentor e criador do sexto álbum do projecto electrónico M83.

É de França, é belo e assume-se como um potencial candidato a álbum do ano. O duplo disco, de seu nome “Hurry up, We`re Dreaming”, leva-nos ao sabor de uma synth pop que transborda felicidade, um exemplo absoluto de como a música se pode imiscuir e levar o ouvinte a sítios. Uma viagem introspetiva, caracterizada por um fulgor maior em faixas como “Where the boats go”, “Wait” ou “Splendor”, onde se denotam influências de um post-rock pontuado com sonoridades mais compassadas. Uma melodia mais mellow, onde o piano desempenha papel importantíssimo, como se nos guiasse emocionalmente para onde musica realmente nos quer atingir.

O álbum começa com “Intro”, um registo que comparo à contagem decrescente em Cabo Canaveral, um prelúdio para uma viagem inusitada por um imaginário assente na frase “carry on , carry on”. “Midnight City” apresenta-se como o primeiro “single” retirado do referido álbum, esta também, com um excelente preenchimento musical, com um “cheirinho” peculiar a verão, recordando-nos um possível pôr/nascer do sol à beira-mar.

O álbum prossegue com mais excelentes registos, como “Reunion”, caracterizado pelo sentimento electrizante e positivo, pelas já referidas “Where the boats go” ou “Wait”, passando pela transitória “Train to pluton”. Mas é em “This bright flash” que se vê o emaranhado de influências que este álbum transborda, provando que a mistura entre sintetizadores e post-rock não é de todo descabida, sendo bastante agradável a sonoridade que daí resulta. A primeira parte do álbum termina com a “Soon, my friend”, mais um registo onde a devida orquestração e harmonização vocal se revelam fulcrais para “viagem à faixa” que Anthony Gonzalez nos propõe.

A segunda parte do álbum começa com “My tears are becoming a sea”, onde se denotam influências claras da década de 80, especialmente nas vocais, que arrancam para um final musical digno de um épico de cinema, com uma explosão sonora categorizada por uma impulsividade de tempos e orquestra de bom plano. De seguida vem “New map” com o seu groove electrónico apimentado pela guitarra eléctrica, que preenche e complementa muito bem este virtuoso início da segunda parte do álbum. Uma “Another wave from you”, a funcionar como transição curta relembrando “Train to pluton” da primeira parte, é seguida da melancólica “Splendor” e da excelente “Year one, one ufo”, registo este que nos faz revisitar, de certa maneira, Arcade Fire.

São ainda mais claras as influências dos “eighties” em “Steve McQueen”, faixa responsável pelo lançamento de “Echoes of mine”, que se expõem mais sob a forma de uma avassaladora explosão musical intermediada pela língua francesa, nativa a M83. O álbum termina com “Klaus i love you” e “Outro”, sendo uma mais sinthy e outra bem mais post-rock, respetivamente. A última música do álbum serve, na maior parte dos casos, para o devidamente fechar, mas em “Outro” denotamos uma miscelânea de sentimentos e experiências que nos remetem, quer para um final sentido de um sonho preconizado, quer para um novo início com uma mensagem de esperança inerente.

Uma excelente sugestão, onde vemos claramente uma construção sonora pensada ao pormenor, desprovida de futilidades ou de ordenação. O álbum acaba por não ser um contar de uma história mas sim uma passagem por um sonho, uma viagem dada aos ouvintes pela genialidade de Anthony Gonzalez.

Jorge Alexandre Dias

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Foto depois da festa.