Willy Moon, um dos mais recentes fenómenos do rock n’ roll, esteve em Portugal para um concerto no Musicbox, em Lisboa. Escassa é, ainda, a história deste artista que conta apenas com meia dúzia de temas editados, mas ao qual se aponta, já, uma promissora carreira. Apadrinhado por Jack White e pela Third Man Records, pela qual lançou uma parelha de singles, tem vindo a promover o seu EP, enquanto o seu longa-duração de estreia não vê a luz do dia, com I Wanna Be Your Man, Railroad Track e Yeah Yeah a poderem ser encontradas numa busca pelo mundo cibernauta ou numa viagem por alguns anúncios televisivos recentes. Em entrevista para o Palco Principal, o neozelandês desvendou-nos mais um pouco sobre a sua personalidade, as suas influências, o seu disco e expetativas.
Willy Moon – Bem… Quem é o Willy Moon? Posso dizer que é uma personagem que criei e através da qual faço música. Quando comecei a fazer música, era muito tímido, nunca cantava, mas escrevia letras. Para poder interpretá-las, tornou-se mais fácil e mais interessante para mim criar uma janela através da qual pudesse fazer música. Isso é o Willy Moon.
PP – Consegues definir a tua música, dada a mistura de estilos musicais que engloba?
WM – Acho que definir música é um objetivo sem nexo, uma busca inútil… Acho que o que a música tem de maravilhoso é que tem sempre algo inexplicável e indefinido. Há nela uma noção extra que liga contigo de uma forma que não se pode reduzir a uma equação matemática.
PP – Assim sendo, o que a influencia?
WM – A sua energia. A energia do rock ‘n rol, a liberdade de expressão que implica. Energia pura e expressiva. Foi sempre isso que me atraiu na música. A música é uma das principais formas de arte, é algo que permite aos jovens moldar as suas identidades, algo com que se identificam.
PP – Foram preciso apenas alguns temas para atingires o estatuto de “Aquele a manter debaixo de olho”, conferido pelo jornal "The Guardian". Sentes, neste momento, as atenções centradas em ti?
WM – Nem por isso, sou só um numa cultura massiva de gente a fazer música. Interessa-me apenas que as pessoas que gostam da minha música a possam ouvir. O melhor dessas categorizações feitas pelas revistas e pelos jornalistas é o facto de conseguires alcançar as pessoas e que estas possam, de alguma forma, se sentir inspiradas por aquilo que fazes. Fora isso, é simplesmente um agradável subproduto do teu trabalho – é sempre bom teres o teu trabalho reconhecido. Mas é algo em que não penso.
PP – Tal distinção não impôs nenhum tipo de pressão no lançamento do teu álbum?
WM – Nem por isso. Se me sentisse pressionado, seria porque estaria a pensar que poderia não estar à altura para fazer isto. Sempre pensei que o que estou a fazer é uma exploração de várias possibilidades de fazer música. É isso que realmente me emociona.
PP – Consegues desvendar-nos alguns detalhes do teu disco de estreia, ainda por editar?
WM – Sim, é um álbum pequeno, com meia hora apenas, com 12 faixas, nas quais tentei por todas as diferentes influências que são especiais e emocionantes para mim. É como um pequeno conjunto de experiências musicais, experiências no mundo da pop… Sou eu a tentar perceber o que é, realmente, a composição de temas, de onde estes surgem, o que me inspira.
PP – Já existe uma data de lançamento prevista?
WM – Será na primavera dest ano, mas ainda não tenho uma data exata.
PP – O teu novo single, Yeah Yeah, vai beber muita influência ao hip hop, trazida através dos samples repescados do coletivo Wu-Tang Clan. És um fã assumido do hip hop?
WM – Sou um grande fã de hip hop. O hip hop é o rock ‘n rol de uma outra geração. O que adoro no estilo é o facto de ser tão crú, de ter uma energia crua semelhante à do início do rock n’ rol. É absolutamente fantástico.
PP – Consegues nomear-nos alguns dos teus artistas preferidos no ramo do hip hop?
WM – Tenho vários. Como é óbvio, Wu Tang Clan, toda a carreira dos The Neptunes, Missy Elliott, Pusha T, Kanye West, Beastie Boys.. Enfim, o hip hop típico de Miami, aquele mesmo manhoso… E, obviamente, Nas, Kendrick Lamar…
PP – Fazer parte do cardápio da Third Man Records é, para ti, um motivo de orgulho? Como te faz sentir a aposta que Jack White fez no teu trabalho?
WM – Ele colocou um par de músicas na sua editora. E ainda somos capazes de por mais algumas… No fundo, sinto-me lisonjeado por ser apreciado por um artista que foi, também, uma grande influência para mim.
PP – Recentemente, RZA, um membro dos Wu Tang Clan, fez uma música com os The Black Keys, para a banda sonora do filme “The Man With The Iron Fist”. Imaginas-te algum dia a fazer uma colaboração deste género?
WM – Adoraria! Saltaria de alegria se me dessem a oportunidade de trabalhar com qualquer membro dos Wu Tang Clan. No entanto, acho que o faria de forma diferente. Esta foi uma forma muito «preto no branco» de a fazer, se é que me entendes… Adorava produzir, eu faço muita música para o meu próprio prazer, que não entra no meu álbum. Adoro fazer beats e acho que é algo que vou fazer no futuro, devido ao facto de ter muito equipamento para o efeito.
PP – Suponho que esta tenha sido a tua vez em Portugal. Já tiveste, ou vais ter, algum tempo para conhecer Lisboa?
WM – Sim, é a minha primeira vez. Infelizmente, não tive nem vou ter muito tempo para visitas. Mas gosto da ideia de não estarem cinco graus negativos e tudo coberto de neve (risos).
Manuel Rodrigues
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