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sábado, 24 de novembro de 2012

Soldiers Of Jah Army @ Coliseu dos Recreios: Soldados do reggae, do rock e do samba

Os Soldiers of Jah Army (SOJA) marcaram presença, na passada sexta-feira, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, depois de terem atuado, na noite anterior, no Porto, onde apresentaram o seu mais recente álbum de originais, “Strenght to Survive”. Esta foi a segunda passagem do grupo por terras lusas no ano que decorre, dado que os SOJA fizeram parte do cartaz do festival Sumol Summer Fest 2012, na Ericeira.
Os cartazes colados na bilheteira do Coliseu dos Recreios não deixavam margem para dúvidas: o concerto estava esgotado. Nas bancadas laterais ao palco, estavam penduradas duas bandeiras do Brasil. Na plateia, algumas pessoas especulavam sobre o alinhamento; outras assumiam ser a primeira experiência com o coletivo norte-americano e admitiam uma certa curiosidade sobre o que aí viria; outras, impacientes, gritavam a plenos pulmões o nome da banda. Estavam reunidas as condições para uma noite de confirmações para uns, e de descobertas para outros.
Às 22h35, as luzes do Coliseu apagaram-se e deram lugar à euforia. Braços no ar filmaram a entrada do grupo em palco. Um pano preto com as palavras SOJA caiu no fundo do cenário. Deu-se início ao concerto.
“I Don’t Wanna Wait”, do álbum “Born In Babylon”, abriu o concerto. Seguiram-se “Mentality”, “Rest of My Life” e “Strenght to Survive”, faixa-título do mais recente trabalho dos SOJA. Jacob Hemphill, vocalista e guitarrista da banda, alertou para o facto do vídeo de “Strenght to Survive” ter sido realizado em Lisboa, realçando o amor que a banda tem pelo nosso país, no qual a presença do grupo tem vindo a ser uma constante ao longo dos últimos anos.
“Rasta Courage” fez-se acompanhar por isqueiros, coros e mãos no ar. Jacob aproveitou o ambiente único no Coliseu, mandou apagar as luzes de palco e filmou o momento com recurso ao seu telemóvel. O tema acabou com um a cappella, por parte de Jacob, bem executado e, acima de tudo, bastante aplaudido pelo público.
O Soldiers of Jah Army vão beber muita da influência da sua música ao rock. E isso é facilmente comprovado pelos longos solos que o coletivo proporciona, sobretudo ao nível da guitarra elétrica. Mas não é só o rock que influencia o octeto estadunidense. Os SOJA vão buscar muita da sua identidade – talvez pelo facto de ser uma cultura enraizada nos Estados Unidos – ao jazz. As melodias exploradas a nível do saxofone e do trompete são um exemplo disso.
Sensivelmente a meio do concerto foram colocados timbalões e outros elementos de percussão no palco. Kenny Bongos, visto no seio da banda como o melhor percussionista do mundo, dirigiu-se ao centro do palco e começou a explorar os seus ritmos. Os outros elementos da banda juntaram-se a ele na percussão e, de repente, o Coliseu transformou-se num sambódromo, com toda a gente a dançar e a vibrar, mostrando que diferentes sonoridades e diferentes culturas podem ser revisitadas, sem problema algum, em conjunto. Os SOJA são, definitivamente, uma banda que não impõe limites à música que toca. Decerto que os responsáveis pela colocação das bandeiras brasileiras nas bancadas terão achado este momento musical deveras interessante. O público, por sua vez, acompanhou o ambiente festivo trauteando a melodia de “Seven Nation Army”, dos The White Stripes (típico...).
A palavra uníssono ganhou todo o seu sentido na música “You And Me”, do álbum “Born in Babylon”. Não havia no recinto quem não cantasse a letra de um dos temas mais populares dos SOJA. A canção ainda incluiu uma passagem pelo dub, com o baixo e a bateria a adquirirem especial destaque nesta técnica que explora ambientes com recurso a delays e reverbs colocados estrategicamente em certos elementos da música. No final da canção, um solo de trompete por parte de Rafael Rodriguez fez as delícias dos presentes.
Outro grande momento a realçar do concerto de sexta-feira foi o da interpretação do tema “Not Done Yet”, do álbum “Strenght to Survive”, no qual, à semelhança da música anterior, toda a gente participou de forma unânime. Houve até quem se levantasse na bancada para acompanhar o belíssimo groove que esta canção contém. Mas dentro de um grande momento, há sempre espaço para outro grande momento. E este esteve a cabo de Richie Campbell, que foi chamado ao palco a meio de “Not Done Yet”, para interpretar “Thats How We Roll”, música de sua autoria que pôs o Coliseu todo em êxtase. É bom sentir que músicos nacionais são assim tão bem recebidos, mesmo quando surgem a meio de um concerto de uma banda internacional. Foi o caso.
“Sorry” assinalou a despedida do grupo sob uma enorme salva de palmas. No entanto, o público ainda não estava totalmente satisfeito e bateu o pé, assobiou e chamou pelos SOJA. O coletivo regressou, assim, para mais três músicas, sendo as duas primeiras “Everything Changes” e “Tell Me”, ambas do mais recente trabalho.
Para o fim ficou o clássico “Here I Am”, do álbum “Born in Babylon”, com a derradeira despedida do grupo a ser marcada por muita qualidade técnica. Jacob convidou os seus parceiros de palco, apresentando um de cada vez, a mostrar os seus dotes no instrumento que protagonizam. O octeto solou todo, um por um, começando pela guitarra de Trevor Young e acabando no baixo de Bobby Lee, em jeito de jam session. Especial destaque para o solo do baterista Ryan berty, que foi estrategicamente deixado sozinho no palco, proporcionando um show de ritmos com passagens pelo mundo do rock e metal, recorrendo a quebras de ritmo nos timbalões e explorando a técnica do pedal duplo. 
Dinâmica e enérgica - assim se pode adjetivar a performance dos SOJA na passada sexta-feira, no Coliseu dos recreios. A banda continua agora o resto da sua digressão, depois das duas datas em Portugal. Na mente dos presentes decerto terá ficado um desejo de voltar a ver a banda em solo nacional. Esperemos, então, que os festivais de verão o proporcionem.
Confere as fotos tiradas no concerto de SOJA no Hard Club, no Porto, um dia antes:
Texto Lisboa: Manuel Rodrigues
Fotografias Porto: Nuno Gabriel Moreira
Manuel Rodrigues

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Foto depois da festa.