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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Banda peruana dos anos 60 volta à ativa como pioneiros do Punk Rock

Banda peruana dos anos 60 volta à ativa como pioneiros do Punk Rock:
O recém-publicado "Dicionário de Punk e Hardcore" afirma: o punk rock não começou nos anos 1970 em Londres nem em Nova York, mas sim no Peru, e mais especificamente no distrito de Lince, em Lima.

Os precursores do punk, segundo o livro, cantavam em espanhol e eram quatro jovens de 19 anos que tocavam sob o nome de Los Saicos. A banda, que durou apenas três anos, teve seu auge em meados dos anos 1960, embora nunca tenha gravado um álbum.

O nome original do grupo era Sádicos, mas por uma autocensura decidiram tirar o "D", fazendo com que o nome soasse como psycho ("psicótico", em inglês). Pelo menos essa é uma das versões que circulam sobre o nome da banda.

Rebeldes sem causa
Embora sua canção mais conhecida, "Demolición" ("demolição" em espanhol), parecesse uma manifestação de rebeldia juvenil precoce para sua época (os grandes protestos estudantis em vários países eclodiram em 1968), a banda não pretendia enviar nenhuma mensagem.

César 'Papi' Castrillón era o baixista dos Saicos. Hoje ele vive em Stafford, no Estado americano da Virgínia, a cerca de 85 km de Washington. "Realmente éramos muito loucos nessa época, e levávamos as coisas muito na brincadeira", disse ele, em entrevista à BBC.

"Fizemos as canções com esse propósito, porque, se você escutar 'Demolición', 'El Entierro de Los Gatos' ou 'Cementerio', se dará conta de que nada é a sério. Queríamos expressar em espanhol a maneira como nós, peruanos, nos sentíamos. Além disso, havia muita paz nessa época", afirma.

Papi integrava o grupo com o guitarrista Rolando Carpio, já morto, o vocalista Erwin Flores e o baterista Francisco 'Pancho' Guevara. Os Saicos não eram os únicos, mas provavelmente eram os roqueiros mais originais de sua geração.

"Era 'cool' que o vissem (Erwin) cantando em inglês. Todo mundo cometeu o erro de começar a fazer covers, mas nós não nos demos conta de que estávamos cometendo este erro, porque não era essa a nossa intenção, simplesmente queríamos mostrar o que éramos, e a única maneira era dizendo as coisas cômicas que dissemos em nossas músicas."

São ou não punks?
Pancho Guevara, o único dos Saicos que ainda vive em Lima, está surpreso com o ressurgimento do interesse por seu velho grupo, agora chamado de "precursor do punk".

"O punk é uma onda meio rara, e nós fazíamos rock and roll", disse Guevara à BBC. "Se agora dizem que éramos punks, o assumimos. É algo estranho, mas bem-vindo. Mas quando escuto os Sex Pistols e outras bandas, não acho isso parecido com a nossa música."

Castrillón concorda. "O curioso é que nunca escutei punk nos anos 1980, quando fui viver nos Estados unidos, me dediquei exclusivamente à família. Não me interessou o rock em especial, me interessa toda a música", afirma.

"Gosto, por exemplo, de Andrea Bocelli, Caruso, Mario Lanza. Se tinha boas canções punk, eu as escutava, e se eu não gostava delas, não ouvia, mas eu não me associava com eles (os punks)."

Se há algo em que Castrillón se identifica com os punks, é que, quando começaram a tocar, não tinham maior conhecimento de seus instrumentos. Eles simplesmente queriam se expressar.

"Há muitas bandas punks que não têm a menor ideia da música que estão fazendo, mas se divertem com isso. Não havia uma técnica musical, nós simplesmente tínhamos essa alma de músicos", diz.

Será que músicas como "Demolición" são subliminarmente subversivas, considerando que não tinham interesses políticos? "Sim, certamente", diz Guevara. "Todos temos algo que nos ferra, que nos revolta e que nos dá vontade de destroçar, de demolir. Não passou por isso com alguma garota antes? É natural, com 18 anos qualquer um está revoltado e muito desbocado. E se você tem a oportunidade de fazer rock...", afirma.

Castrillón quer que o interesse renovado nos Saicos sirva para apoiar novos artistas. "Não é justo que um artista peruano esteja ganhando 200 sois (cerca de R$ 130) quando Paul McCartney vende 45 mil ingressos a US$ 800 cada. A diferença é muito grande."

Renascimento na Espanha
Os Saicos tiveram sua idade de ouro entre 1965 e 1966, e inclusive tinham um programa de televisão. Mas eles somente lançaram seis compactos e nunca chegaram a gravar um álbum.

"Sempre tivemos a intenção de gravar um álbum", diz Guevara. "Mas as músicas próprias requeriam muito tempo para elaborar e fazer os arranjos. Nos levou um ano para fazer essas canções e, depois, não tínhamos tempo, com todos os compromissos e apresentações."

Com o tempo, o grupo acabou, com seus integrantes saturados de se ver todos os dias por três anos. O vocalista chegou até a estudar física em Washington, e trabalhou para a Nasa, a agência espacial americana.

Ninguém poderia dizer que, no século 21, ressurgiria o interesse por este grupo efêmero e relativamente obscuro de um país sul-americano que não é conhecido por sua produção de rock.

"Fui uma honra que, depois de 45 anos, nos reeditem", diz Guevara. "Mas a coisa começou quando descobriram o LP na Espanha, em 1998, e ali começou a onda de novo na Europa, e então tentaram nos localizar, até que o conseguiram, em 2006, e nos pediram que fizéssemos um show."

Depois disso, chegou o reconhecimento como precursores do punk. Um documentário sobre a banda, Saicomania, de Héctor Chávez, teve ingressos esgotados na estreia, em Lima.

Tudo isso ocorreu porque outro peruano foi viver na Espanha em 1995, levando uma fita cassete com a música dos Saicos, que foi tocada durante uma entrevista na rádio nacional do país.

E os Saicos continuarão tocando?
"Os garotos de 20, 30 anos agora conhecem as nossas músicas", diz Castrillón. "Estivemos na Espanha, e as pessoas cantam as canções como se fossem suas. No México e na Argentina ocorreu o mesmo, e nos pedem que toquemos na Inglaterra, nos Estados Unidos, mas já temos 66 anos e pode nos dar artrite, ou um sopro no coração."

Fonte: Bol

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Foto depois da festa.