Sem se perturbar muito com qualquer intempérie, o Black Drawing Chalks subiu ao palco para fazer o de sempre: rock de verdade, alto, distorcido e esporrento. O grupo tem vindo bastante ao Rio e construiu um razoável séquito por aqui. Assim, as quatro primeiras porradas, incluindo “Finding Another Road”, cujo riff pega de supetão até o desavisado quem entrasse no tradicional teatro atrás de uma baba qualquer da mpb, encontra eco na platéia que se aglomera na frente do palco. A música é curta e fica a sensação que pede novos desdobramentos, mas se isso acontecesse não seria o trio goiano no palco; está no pacote da banda ser curto e grosso também.
O BDC acabou sendo a estrela dessa edição carioca do Fora do Eixo, tocando em três das sete noites, passando por Niterói e Nova Friburgo, além de um show extra que pintou em Campos, no domingão. Têm razão os que reclamam que a banda toca demais nos chamados “eventos Fora do eixo”, mas o quarteto não tem nada com isso e segue promovendo a festa do rockão barulhento em tudo o que é canto. “Not a Big Deal”, do primeiro disco, tem um final com citação à “Sweet Leaf”, do Black Sabbath, escancarando duas boas referências da banda – se é que você entende. O rock garageiro noventista e Motörhead (a cadência pesada de “My Favorite Way” não nega) também estão na parada. É verdade que a banda precisa gravar logo o terceiro álbum, mas o show compacto dos caras, com cerca de uma hora, tá descendo redondinho goela abaixo.
Em busca de se reencontrar, o Medulla fez um show melhor que o do Grito Rock, em março (veja como foi). Os cada vez mais diferentes gêmeos Raony e Keoops têm boa presença de palco, e a dupla de guitarristas da banda – bandaça, aliás – estão mandando muito bem. Em “Lose Your Money” - música assim, assim - uma verdadeira jam session se instala no palco com citações a Jimi Hendrix e a Rage Against The Machine grande referência para a banda. O show, curto como deve ser nessas circunstâncias, no entanto, termina com “Movimento Barraco”, que traz a temática repetitiva demasiadamente explorada pelo Rappa e pelo próprio Medulla. Nada que pudesse estragar uma apresentação correta e que ajudou a mexer com a carcaça do público, imóvel ante à discotecagem “de dentro do eixo” que rolava nos intervalos.
“Mais uma?”, perguntou o baterista depois do número infeliz dos Rélpis, na abertura. Como não é a banda, a trupe não faz show; mostra uma sequência desagradável de números ensaiadinhos para parecer improviso, e, no fundo, não tocou uma música sequer. A turma é um equívoco já na paisagem do palco. À esquerda, baixista e guitarrista disfarçam o figurino de brechó com estampas. No centro, um cantor matusquela que faz de tudo, menos cantar. À direita, o guitarrista, seguramente o único músico da banda, e um trompetista desnecessário, como muitos no rock nacional pós Móveis Coloniais de Acaju. Ao fundo, uma baterista fanfafarrão, que acredita ter a vocação para o humor. Não é que o Holger arranjou companhia?
Placar Rock em Geral
Leo Fressato e Ana Larousse: 3
A Banda Mais Bonita da Cidade: 7
Mr. Jungle: 6
Gloom: 5
Maglore: 8
Tereza: 6
O Teatro Mágico: 5
Os Rélpis: Sem nota
Medulla: 7
Black Drawing Chalks: 8
Festival Fora do Eixo RJ: 7
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Primeira noite do Festival Fora do Eixo RJ
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